Aplicou no overnight


Quem viveu a era da hiperinflação, sabe que a especulação corria solta, e o valor da moeda corroía rapidamente. O dinheiro que valia “$” hoje, valeria metade de “$” amanhã. Uma das formas de minorar o prejuízo era aplicar no overnight e resgatar o dinheiro no dia seguinte.

Em Barreiras, no oeste baiano, um representante comercial resolveu investir 81 mil reais num negócio de risco. Foi no dia 7/set. Ele podia ter escolhido um fundo de ações para melhorar suas finanças, mas preferiu confiar numa cartomante vidente. Crendo num milagre, o rapaz levou seu dinheiro em espécie para as benzeduras da Madame Mim. Esta mandou que ele esperasse até o dia seguinte. A grana ficaria com ela durante a noite. Foi então que ocorreu a mágica. A cartomante sumiu. O dinheiro evaporou. Nem precisamos do Mister M para explicar o truque.

Evidentemente, a vítima não quer aparecer. Quem gostaria de ter seu nome divulgado numa situação dessas? A vidente vigarista, conhecida por “Mãe Vitória”, passou para trás o pobre cidadão. Estelionatários e falsários em geral têm grande poder de persuasão. Com sua conversinha mole, são capazes de enrolar qualquer um. Os incautos são as vítimas preferidas. Mestres da fraude, esse tipo de criminoso se aproveita da boa-fé, da confiança, da credulidade, do desespero e da ambição das vítimas para dar seus golpes financeiros.

Nisso, os estelionatários são exíminios investidores. Aplicam no famoso fundo de investimentos do tipo 171, cuja taxa de juros, incerta, vai de 1 a 5 anos de prisão. Enquanto a Justiça tarda, seu lucro é quase garantido. Não tem erro. O prejuízo é da vítima.

5 comentários

  1. Nesse caso de Barreiras, o sujeito foi trouxa. Mas em 95% das vezes as vítimas de estelionato perdem é pra própria ganância… Abs. Leandro

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  2. Interessante notar como o estelionato sempre tem associado a promessa de uma ‘grande vantagem’: valores irrisórios por um carro, casa, aparelhos eletrônicos, pequenas fortunas por tarefas simples, aumento de valores ou de tempo de contribuição – nos casos contra o INSS. Ou seja, as pessoas caem nesses golpes porque querem “levar vantagem”, tanto quanto aquela almejada pelo estelionatário. Esquecem-se que para se dar bem alguém tem que se dar mal…

    Se as vítimas tivessem a simples noção – aprendida muitas vezes no seio familiar, independendo de classe social -, de que o fácil nem sempre é o lícito (ou, numa expressão popular e pra lá de conhecida, “quando a esmola é demais o santo desconfia”), creio que muitos desses casos seriam evitados.

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  3. O mais engraçado deste “causo” é que em sala, quando ouvi pela primeira vez, achei que fosse um exemplo qualquer sem qualquer possibilidade real, mas quando li a matéria no jornal, não acreditei. É inaceitável como ainda existam pessoas tão ingênuas para sofrerem golpes como este.
    Muito boa a crônica, a sacada da taxa de juros foi genial.kkkk

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  4. Rui Barbosa já afirmava que “Justiça tardia não é Justiça, é injustiça manifesta”. concebi essa compreensão desta crônica. Embora haja outras interpretações, e o pior é que, quando a inflação cai, os preços não caem, quando a inflação sobe, os preços sobem.e de uma maneira ou outra alguém sempre está praticando um “roubo”. A carton é uma boa empresária, gostei dessa… rsrs.

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