Dedo na ferida


O jornal A Tarde deste domingo (página B10) publicou uma entrevista com um advogado e professor de direito processual penal da Universidade Católica do Salvador. O tema foi o júri do caso Isabela Nardoni.

Na opinião do advogado, “o julgamento dos Nardoni não será justo“, porque já foram condenados pela imprensa. Até aí, o professor foi bem. De fato, o julgamento do casal Nardoni vem sendo feito há muito tempo pela mídia, o que poderá influenciar os jurados.

Porém, o entrevistado desandou na avaliação final sobre o caso. Perguntado pelo repórter Davi Lemos se havia identificado falhas na defesa dos réus, o professor respondeu:

“Da defesa, não. A acusação, porém, sempre esteve ‘caolha’ para outras possibilidades de solução do crime. Não foram traçadas outras linhas de investigação. Acreditou-se na primeira versão policial e deu-se a causa por encerrada”.

Evidentemente, a expressão “acusação caolha” faz referência ao promotor Cembranelli, que apresenta queda na pálpebra do olho esquerdo (ptose palpebral). Trata-se de uma condição médica congênita ou adquirida, que nada tem que ver com a atuação profissional do promotor. Quem tem deformidades físicas ou estéticas sabe como é doloroso sofrer críticas “inspiradas” em suas deficiências orgânicas. O entrevistado, que foi meu colega de mestrado e é um advogado respeitado em Salvador, poderia ter se poupado dessa observação. Esse argumento ad hominem não lhe caiu bem.

5 comentários

  1. Com a devida venia não entendi que houve ofensa do supracitado professor ao representante do ministério público.
    O que ele quis dizer foi que a denúncia olhou com apenas um olho, deixando de dar uma interpretação mais ampla que o caso requeria.
    O fato de o promotor ter queda na pálpebra do olho esquerdo não vem ao caso, pois é sabido que a denúncia não é do promotor, e sim do Ministério Público.

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  2. Trata-se de uma colocação lamentável do professor. […] não se deve fazer um comentário desses com pessoa alguma. Ele feriu a ética que deveria sempre estar presente em todos os segmentos e, particularmente, em se tratando de um colega de profissão, porque antes do Dr. Cembranelli ser promotor, fez o mesmo curso de bacharelado em Direito como o professor, que foi infeliz em seu comentário, como eu que sou advogada em Recife-PE […].

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  3. Lamentável tal referência, realmente. Certas pessoas, em momentos de desespero, lançam mão de preconceituosos argumentos na intenção de que estes substituam aquilo que não conseguem apresentar como razões convincentes. É a tática da desqualificação. Quem não se lembra da insinuação de Marta Suplicy em relação a Kassab? […]

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