Os sinos não dobraram


O mundo anda movimentado nos últimos meses.  Revoluções se espalham pela África e pelo Oriente Médio. E agora esta ação militar dos Estados Unidos no Paquistão deixa-nos com uma série de dúvidas.

Não importa se somos cristãos ou muçulmanos, judeus ou agnósticos, animistas ou budistas, há uma coisa certa e que nos une. Na Meditação 17 de suas “Devotions upon Emergent Occasions”, o poeta, pastor anglicano e advogado inglês John Donne, eternizou esta prosa depois transformada em versos: “Não pergunte por quem os sinos dobram“. Era o ano de 1624. Mas podia ser 2011:

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

(John Donne)

Anteontem, Osama bin Laden foi morto e arrastado para o mar. Os sinos não dobraram por ele. O lamento foi escasso. O regozijo foi imenso. Se somos mesmo parte do gênero humano, há realmente o que comemorar?

5 comentários

  1. Boa tarde amigos,

    O Osama é fruto no meu entendimento do ódio que esta atacando aos seres humanos como que uma praga. Antes num acidente de trânsito comum de rua acertava-se os prejuízos e haviam as lamentações. De um lado o causador da infração pelos custos inesperados, do outro o ofendido pela perda da originalidade do seu veículo ou mesmo por achar que o valor por ele recebido não daria para reparar seu bem ou mesmo pelo local acertado para o conserto não ser apropriado e ficava por aí. Más hoje a coisa mudou. Os opositores costumam resolver mesmo é na bala isto aqui mesmo no Brasil. Não precisamos ir muito longe para enxergamos uma sociedade que está enferma e que perdeu o amor pela própria vida e que tudo isso pela falta de fé.
    Um colega de profissão teve sua cabeça decepada por um antigo funcionário de sua propriedade rural e que também fora seu amigo de infância. O fato é que por muitas vezes o seu algóz jurou tirar-lhe a vida, porém, ele não acreditou e hoje encontra-se de forma trágica em outro mundo. Um outro exemplo é de um médico aqui da cidade que perdeu a vida pelas mãos de um filho de um dos seus funcionários que do qual o mesmo fizera o parto e que também era seu funcionário.
    Perto do local onde nasci um rapaz tirou a vida do cunhado, pai dos seus sobrinhos na base do facão sem dó nem piedade, foi horrível.
    São exemplos de coisas tristes que aproximam o homem do seu lado sombrio e abominável, coisas que nem mesmo as feras fazem. Homem não pode tirar a vida do homem, pois esta pertence ao nosso Criador, más infelizmente, em dados casos que não os citados acima, pois inocentes é que perderam a vida, o homem que não sabe o que isso significa, cava a sua própria sepultura que creio ser o caso do disseminador do medo global. Nunca serei a favor da ceifa da vida, sempre acharei que enquanto há vida, há esperança e que a morte é mesmo o fim da história terrena e que depois dela, nada mais pode-se fazer além de rezar.
    Minha mãe sempre ensinou-me que o amor que o rei sente pelo principe não é maior que o amor dos vassalos pelos seus filhos.
    Somos carne da mesma carne, somos todos irmãos e um irmão não pode comemorar a morte do outro por pior que ele seja, mesmo que ele seja o Bin Laden. Acho que agora é um momento de pesar pois perdeu-se uma vida, um pai, um irmão, um filho que por mais cruel que seja o homem em uma dessas situações ele será enquadrado para alguém nestas situações.

    Vamos rezar, vamos rezar mais ainda.

    Jorge Silva

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  2. É fato que não há o que comemorar, pois essa violência demasiada só trará mais violência. Após esse atentado paira o sentimento de medo que aconteça um novo ataque terrorista.

    Afinal diante desse ciclo de ataques e contra-ataques quem está produzindo o terror?

    Devemos refletir sobre isso, pois como bem disse John Donne “a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano”.

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  3. Caro Vlad, por favor, brinde-nos com um daqueles belos posts sobre Direito Internacional que só você sabe fazer, sobre a ação americana.
    Houve desrespeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos? Ou a legislação aplicável era a do Jus Bello, como a Convenção de Haia de 1907, já que as resoluções 1368 e 1373 da ONU reconheceram os atentados terroristas de 11/09 como grave ameaça à paz, fazendo menção expressa à aplicação das normas do Capítulo VII e deixando expressa a legitimidade do exercício da auto-defesa do Estado agredido (EEUU)? Indiretamente, legitimando a Guerra ao Terror, na qual, como toda a guerra, o objetivo é neutralizar o inimigo (Al-Qaeda)?
    Por favor, brinde-nos com sua análise!
    Grande abraço.

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  4. Acho macabro comemorar a morte de alguém, mas se for ver as coisas que Osama Bin Laden fez àquele país, não é de se estranhar a reação dos americanos. Acredito que as comemorações não sejam tanto devido à morte em si, mas sim pela sua captura, por não ter este permanecido impune diante de seus atos atrozes, amedrontando-os ocasionalmente com sua aparição em vídeos ameaçadores.
    Acho que finalmente os familiares das vítimas de seus vários atentados, não só os de 11/09, poderão ter um pouco de paz para si mesmas ao não ter que encarar a figura de Osama Bin Laden, a fazer as mais diversas ameaças, como se fosse alguém inatingível e que sempre está um passo a frente.
    Obama agiu certo, mostrou aos Republicanos, principalmente aos conservadores do Tea Party, que não é mole diante do terrorismo, que soube encará-lo melhor que Bush, utilizando-se dos serviços de inteligência e não realizando guerras insanas pelo mundo.

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  5. E por quem deveriam dobrar os sinos?
    Somente aqueles que tiveram a vida de seus entes queridos ceivadas violentamente por mentes insanas, calculada e planejada meticulosamente, saberiam responder.Não me regozijo e nem me entristeço,simplesmente acredito que, aqui se faz,aqui se paga.No mais,somente DEUS poderá julgar.

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